Perdido em Marte: 9 coisas que aprendemos com Mark Watney

Perdido em Marte: 9 coisas que aprendemos com Mark Watney

Há pouco mais de um mês, vi o trailer de Perdido em Marte (The Martian). No início fiquei um pouco confuso, achei que era um trailer fan-made de Interestelar, porque né… Matt Damon vestido de astronauta… mas felizmente eu estava redondamente enganado. Não só é um filme novíssimo como é baseado num livro com uma proposta desafiadoramente empolgante: um cara abandonado sozinho em Marte.

OK, o trailer então tinha me ganhado. Quando é o lançamento? 1º de outubro, não iria conseguir esperar. Fui atrás do livro e não me arrependi. Desde o começo fui percebendo que o perfil de Mark Watney, o protagonista abandonado em Marte, era muito familiar. Não demorou muito pra brotar a ideia desse post. Abaixo cito 9 pontos que fariam de Mark Watney um candidato a melhor planner daquele mundo. 😛

Agora sim: * SPOILER ALERT *

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Antes de mais nada, o cara se encontra enterrado na areia no meio de um planeta desértico, inóspito. Após um breve período de análise enquanto luta pela própria vida, ele percebe que está sozinho, a equipe foi embora, não há comunicação com a Terra ou com ninguém, a próxima missão será dali a 4 anos terrenos e a comida que ele tem duraria aproximadamente 6 meses.

1. Bom humor, vontade e fé

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Qual a chance de alguém desistir frente a essa merda catastrófica? Então ele decide viver e passa a calcular tudo o que pode fazer para se salvar. O seu bom humor às vezes chega a ser mórbido, mas convenhamos, manter o bom humor numa situação dessas é uma tarefa árdua. Manter a sanidade já seria. E ele teria que ter fé, muita fé em planos absurdamente arriscados.

Nesse ponto do livro, eu já pude perceber quantas vezes nós perdemos essas três coisas ao longo dos nossos projetos. Mas é só o começo.

2. Saber ler o cenário e jogar com as peças disponíveis

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Então o cara precisa botar em ordem algo totalmente caótico fora das CNTP. Todos seus recursos são limitados, o tempo de duração é longo, qualquer passo em falso é um risco mortal. A primeira coisa que ele faz é estudar. A análise de cenário é sua parceira para descobrir possíveis caminhos e tomar decisões. É observando o comportamento das variáveis naquele ambiente que ele consegue prever eventos que serão fundamentais no seu plano. Todos? Não. Mas com certeza a maioria deles.

3. Cuidado ao elaborar as perguntas

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Watney tem uma tarefa muito mais difícil do que conseguir respostas. Ele precisa elaborar suas perguntas. Isto é, Mark tinha que definir o problema que ele estava enfrentando para lidar com ele adequadamente. Caso seu entendimento do problema esteja incompleto, a solução nunca será adequada.

Quantas vezes o nosso maior problema foi formular a pergunta para obter uma resposta?

4. Imaginação é mais importante que conhecimento

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Mark Watney é extremamente criativo. Quando ele entende sua situação, passa a considerar inúmeros caminhos num brainstorms consigo mesmo. Caminhos que vão desde os mais conservadores da NASA até os mais loucos e fictícios (como considerar comer o próprio braço para ter proteínas suficientes). Mas o ponto é, Mark está aberto a sinapses que possam ajudar a resolver seus problemas e criar novas oportunidades. O ócio criativo de Watney também é muito importante já que ele não vai a lugar algum fora do Hab (base da equipe) sem um bom motivo.

5. É preciso correr riscos

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Toda escolha envolve riscos. Em maior ou menor grau, todas envolvem. Planejar é saber entender os riscos e saber correr esses riscos em prol do resultado, trabalhando com risco calculado da melhor forma possível. Assim faz Watney na hora em que ele considera o GTR como uma fonte de calor viável para aquecer sua jornada. Ou quando ele usa hidrazina para criar água.

6. Crises que vêm, crises que vão

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Qualquer plano está sujeito a crise, certo? A grosso modo, é mais que algo que não deu certo, crise é algo que deu bem errado. Na história, é difícil separar o que é crise e o que não é, afinal a história começa já com uma das grandes, que é um homem vivo abandonado em Marte por uma série de acontecimentos quase imprevisíveis. Mas o ponto é, Mark consegue lidar muito bem com as crises. A frieza em suas análises e tomada de decisão a cada crise, mostra o quanto crises mal gerenciadas podem comprometer todo o projeto.

Chamo a atenção para a grande tempestade de areia. Às vezes a crise está na nossa frente mas é tão imperceptível que você só percebe quando está no meio dela. Por isso é necessário estar atento para os índices que denunciam a crise e saber ou contorná-la ou enfrentá-la. Quanto antes percebe-la, melhor poderá lidar com ela.

7. Ferramentas (nem sempre) adequadas

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Quando você é abandonado em Marte sozinho, é importante ter ferramentas.

Mark Watney faz um ode ao hacking. Inúmeras ferramentas que ele tem a mão não foram desenvolvidas para serem utilizadas como ele usou. Mark foi engenhoso e hackeou muitas coisas para que contribuíssem com o seu plano. Pela definição atual, hack é alterar ou dar novo uso a alguma coisa para usá-la de forma mais adequada visando atingir algum objetivo (HIGINIO, M.) 😛 . O maior hacker que eu conheço é o McGyver, e o segundo agora é o Watney. Como poderíamos repensar ou aprimorar ferramentas que usamos todos os dias, mesmo sem estarmos abandonados em Marte?

8. Sozinho x Equipe

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Tem horas que é bom trabalhar sozinho e tem horas que é bom trabalhar em equipe. Há um momento em que Watney fica puto que os caras estão a milhões de kilômetros tentando ajuda-lo, mas são tantas restrições e tantos pitacos que ele tem saudade de quando trabalhava sozinho em Marte. Por outro lado, foi o trabalho em equipe que o ajudou a pensar algumas condições básicas para momentos importantes da história. Saber balancear ambos estilos de trabalho e extrair a melhor performance de cada momento, de cada estilo, ajudou-o a progredir muito.

9. Testar, Medir e Confiar

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Mark testou e retestou seus protótipos. Foram tantos testes que cansamos. Mas esse é um passo importante em qualquer planejamento. O teste dá condições para vetar, implementar ou validar alguma ação. Ao testar, Mark anotava todos os resultados sempre. E no meio da execução de seus planos, Mark tomava notas do desempenho e ajustava ou verificava seus resultados para saber se, como e quando estaria chegando em seus objetivos.

Mas mais do que testar ou medir, Mark tem que confiar. Confiar que seus cálculos estão certos, confiar que seus conhecimentos técnicos serão suficientes para não matá-lo em algum experimento. Você confiaria sua vida no seu planejamento?


Capa Perdido em Marte

Perdido em Marte é um livro sensacional. Se você não leu, considere ler. Eu ainda não assisti o filme, mas dizem que é fiel ao livro. Mas experimente prestar atenção na destreza que esse cara mostra ao planejar sua sobrevivência, os planos táticos de cada ação, a forma como ele se compromete com seus resultados como se sua vida dependesse deles. E depende.

E se depender de mim, você só vai descobrir se ele vive ou morre quando terminar o livro ou assistir o filme. Ok? 🙂

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2 COMMENTS ON THIS POST To “Perdido em Marte: 9 coisas que aprendemos com Mark Watney”

  1. Paulo Henrique Sovinski disse:

    Parabéns pelo site e pelo post, Marcelo. Muito bom ver os amigos alcançando o sucesso. Abraço. Sempre alerta.

    • marcelohiginio disse:

      Valeu PH 🙂 Obrigado pelo comentário, muito bom te encontrar por aqui. O sucesso ainda não ta fácil de alcançar, mas a gente segue na busca. De qualquer forma, desejo muito sucesso aí pra você. Abraço, sempre alerta!