O vale do Boring

O vale do Boring

Ser interessante é bom, mas ser interessante o tempo todo é difícil. A estratégia de ser relevante mesmo no momento em que não se é interessante pode render muitos frutos.

Nas apresentações que eu e minha equipe fazemos, sempre busco rabiscar um gráfico de expectativa x tempo. Entendo que, pelo roteiro, a audiência é motivada a aumentar e abaixar sua expectativa dentro de um período. Por isso, o controle da expectativa por parte do discurso, do conteúdo e do visual é muito importante.

Gráfico que mostra a Expectativa/Tempo de uma apresentação padrão

Nesse caso, quanto menos expectativa, mais boring. Quanto mais boring, menos interessante. Quanto menos interessante, menos chances de alcançar nossos objetivos da apresentação. Certo? Nem tanto.

Como um grande planner que conheço já disse, não existe análise de imersão nos concorrentes mais interessante que a mensagem do crush no whatsapp. Por isso, a análise de imersão nos concorrentes tende a ser boring e por mais cool que você possa ser, vai continuar ocupando um espaço com baixa expectativa na linha do tempo.

Levando em conta que a apresentação começa com alta expectativa, que cai naturalmente e retorna crescendo no clímax da entrega, então temos o vale do boring.

Nos filmes vemos isso acontecer quando precisa-se explicar o histórico e as motivações do protagonista, aquele período de muita viagem e muitas falas, provavelmente alguma jornada com descobertas. Não é empolgante, mas é importante. Ali você recebe o repertório para entender tudo o que acontece posteriormente. Se o filme fosse apenas o clímax, provavelmente muitas pessoas não entenderiam o porquê daquele ser o clímax.

Então o vale do boring é super importante. Não que o objetivo seja deixar a apresentação chata, mas justamente para deixar a apresentação relevante por muito tempo. Então, as informações que correm livres pelo vale do boring tem o seu papel claro, vão conduzir a audiência ao clímax com propriedade, interesse e relevância. Cabe a nós reforçarmos seu propósito e darmos condições para que sua existência não seja em vão.

Afinal ser boring e desnecessário já é demais.

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