11 coisas que aprendi em 2 anos de Sampa

11 coisas que aprendi em 2 anos de Sampa

Lá se vão 2 anos de Sampa. Confesso que quando cheguei, tive vertigem ao atravessar a passarela que passa por cima da Marginal Pinheiros na estação Berrini, tive calafrios ao chegar pela primeira vez na 25 de março, desembarcar no metrô Consolação me deixou trêmulo e pisar na Paulista teve a sensação de estar no lugar onde tudo acontece. Mas 2 anos se passaram e com o tempo você pega uns macetes e forma opinião.

1. “Deixe a esquerda livre”

O transporte público funciona, melhor do que em Curitiba. E o metrô funciona melhor ainda, mesmo. Cansei de pegar metrô e chegar antes do que chegaria de táxi e, principalmente, carro. Claro que tem horários de pico, claro que às vezes é foda, mas né?!

No metrô, nas escadas rolantes, sempre encontro uma frase fantástica: “Deixe a esquerda livre”. Quer dizer, na escada rolante, se você não quiser andar, é melhor ficar do lado direito e dar passagem para quem quer ou precisa seguir em frente pela esquerda. É de uma simplicidade absurda, mas funciona.

2. Ainda há razões para acreditar

Foto: Claudio Kerber

Uma cidade com o tamanho de Sampa precisa tomar cuidado com pequenas coisas, detalhes que com o escalamento viram gigantes.

A ciclovia por exemplo. Hoje existem mais de 400km de ciclovias, o que não é nem 1% do número de ruas em Sampa, e ainda assim o número de ciclistas aumentou mais de 60%. Outra coisa é o fechamento estratégico do Minhocão e da Paulista. Ver a cidade ser ocupada pelas pessoas é algo fantástico.

3. Existe violência, mas o Datena exagera

Conheço gente do Paraná que anda em Sampa com dinheiro no tenis porque acha que vai ser assaltado quando botar o pé na paulista.

Infelizmente toda cidade brasileira de médio e grande porte tem violência, e com Sampa tendo 13 milhões de habitantes, estatisticamente, teria muita. Eu vejo a população se manifestando contra a violência e com certeza devemos buscar cada vez mais a redução da violência, independente da forma e da origem que ela seja.

Porém, numa pesquisa recente, Sampa ficou fora da lista das 10 capitais mais violentas do Brasil. Incrivelmente, eu me sinto mais seguro em vários lugares de Sampa do que em Curitiba. Por isso, gente, quando assistirem Datena e Jornal Nacional, é o puro extrato da violência, um recorte tendencioso da realidade de Sampa. Sem preconceitos, ok?

4. A Sampa que nunca dorme é, praticamente, um mito

Sampa tem lugares 24h? Ah, vai, até que tem.
Sampa tem pessoas no metro o tempo todo? Sim, mas não como nos horários de pico.
Sampa tem pessoas que saem de madrugada da região metropolitana para trabalhar no centro? Sim.
Sampa é a cidade que nunca dorme? Peraí.

O Rio de Janeiro é uma cidade muito mais que-nunca-dorme do que Sampa. Essa coisa de você andar na rua e estar TUDO aberto, é lenda.

5. “Sampa é cinza!” Bullshit.

Acho muito engraçado quando as pessoas ficam falando “Como está lá na selva de pedra?” ou “Foda é que é só prédio” ou “Não te dá uma depressão ver tudo cinza?”. Cara, para mim Sampa é visualmente interessante. Tem graffitis sensacionais, tem bairros arborizados. O Ibirapuera é uma coisa surreal, praticamente no coração da cidade. A Alameda Santos e a Antonio Carlos me deixam surpreso com aquelas sombras produzidas pelas copas altas das árvores. Inclusive, a lei Cidade Limpa ajudou a melhorar o consumo visual de Sampa. Existem coisas para se apreciar, existem coisas para se admirar. E tem prédios antigos com arquiteturas fodas, tem prédios novos que são fantásticos. Se você ainda acha que ‘sampa é só cinza’, melhor conhecer mais do que a TV mostra.

6. Sim, as coisas são caras

Quando você faz compra em Sampa e faz compra no interior do Paraná, a vontade é de fazer uma mega compra e estocar tudo o que pode durante meses. Vou dar um exemplo básico. Um desodorante spray que você paga até R$10 em Curitiba, você paga R$16 em Sampa, num supermercado popular.

E o custo de um apê legal de 2 quartos em Curitiba não é mais que uma kitnet studio em Sampa.

7. Sim, o profissional de publicidade é mais reconhecido ($) do que em Curitiba

Reconhe$$ido. Eu sempre ouvi uma história de que está tudo bem para o profissional da área de publicidade ganhar menos em Curitiba porque o custo de vida em Curitiba é menor. Mas eu vejo agências do mesmo porte, com clientes do mesmo porte, clientes inclusive com cultura de comunicação, pagando o dobro para os profissionais em Sampa. Também vejo agências de Curitiba com preços competitivos com as agências de São Paulo disputando os mesmos clientes que agências de São Paulo.

8. Viver na mesma cidade que o seu time do coração é uma experiência sensacional

Eu sou Palmeirense, e passar na frente do Allianz Parque é uma imensa alegria pra mim. Eu já fui em vários jogos e a emoção é indiscritível. Eu nunca torci pra nenhum time de Curitiba e nem vou torcer, mas agora eu entendo a emoção que meus colegas de trabalho sentiam quando o Coxa ia jogar, com aquele ritual de levar a camisa do time, sair mais cedo, apoiar o clube.

9. Ah, Starbucks!

Eu realmente gosto muito de, de vez em quando, investir um tempo no Starbucks. O clima lá é algo que me faz bem, ver as pessoas discutindo projetos, buscando alguma inovação, fazendo freelas, rindo com os amigos, se pegando e até tomando café. Cada Starbucks em Sampa tem seu público, sem estilo, sua vibe. Na minha opinião, seria muito legal se Curitiba pudesse ter alguns Starbucks também.

10. Todo mundo deveria passar pelo menos uma semana em Sampa

Essa pluralidade cultural que abraça Sampa é algo indescritível. Com o passar do tempo, se você não enlouquecer com essa coisa cosmopolita e dinâmica, gradativamente a beleza dessa complexidade urbana vai evocar das entranhas cimentadas desse organismo vivo. Isso acontece num graffiti, numa ciclovia movimentada, pessoas praticando esportes a noite no elevado fechado, jardins verticais, uma banda tocando Nirvana numa esquina da Paulista às 6 da tarde, uma passadinha na Livraria Cultura e achar legal uma galera lendo ou dormindo em puffs no meio da loja, visitar uma feirinha e comer um pastel, conhecer uma hamburgueria vintage na Augusta, descobrir uma loja que vende algo totalmente exótico só para ter o que contar de Sampa.

11. Casa Mathilde

Se algum dia você estiver de bobeira no centro de São Paulo, esse é um ótimo lugar pra ir. Principalmente para tomar café da manhã num sábado. Dica: fica a 3 quadras da 25 de março, 1 quadra do Prédio do Banespa.

Em todo caso, obrigado por me acolher, eu me senti muito bem-vindo. Obrigado por esses 2 anos, Sampa. 🙂

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